domingo, 20 de agosto de 2017

Deslocada

Escrever sempre foi uma fulga, nem sempre da verdade, mas da parte que eu não sei simplesmente construir na minha vida. E às vezes escrever ajuda a reinventar uma versão que eu aceite da construção que eu posso fazer.
Ultimamente, há um tempo já, tenho me sentido perdida na construção. O mundo conspira contra o que eu acredito. Não é a primeira vez que não acho espaço na sociedade. Praticamente sempre fui assim. A excessão foi me encontrar. Mas é mais difícil com a família. Não preciso só me encaixar, preciso encaixar meus filhos em uma realidade feliz no agora. Mesmo que o futuro seja duvidoso e eu sei que é. Mas eu sempre tentei construir algo pra a gente e agora não consigo pra ninguém. Eu quero construir o futuro, mas quero viver o agora e o agora está me destruindo e meus filhos não tem a infância e adolescência que eu esperava. Tudo parece tão difícil. E eu nunca acreditei que poderia ser a única responsável por isso como alguns acreditam. Acho que estou sempre no lugar errado na hora errada. Me dói o tanto que me doo e não dá em nada. Porque estou numa luta terrível contra o mundo. Hoje não tem escrita que me traga algo de bom. Só mais do mesmo. E eu não sei não acreditar numa possibilidade melhor. Eu sei que há espontaneamente gente que vive mais vida em comum, mais comunitariamente do que eu. E sei que pensar demais o que me falta está me acabando. Acho que é o mal do século 21 até agora. Espero que mude. Afinal estamos no começo do século. Podemos reaprender a entendermos a sociedade enquanto sociedade e não como indivíduos que são sempre rivais.