quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Remendo

No dia em que eu me aceitar por inteiro,
ainda serei eu?
Essa luta contínua que me rasga os textos,
o pensamento e a praticidade,
essa parte de mim me trai e me distrai,
(como as namoradas do meu avô)
me cria e me recria,
as vezes me dói tão fundo
e depois se torna o ópio que cura as amarguras do mundo.
Não, eu não quero a cura.
Eu quero ser esse remédio, esse remendo eterno
entre a criatividade e a realidade,
essa tragicômica antropofagia que não sossega
e está sempre no concreto muro benéfico da dúvida
sem contentamento, sem fatalismo, sem hipocrisia.

* essa sou eu fingindo que sou capaz de me aguentar.

sexta-feira, 27 de julho de 2012

S

Sobre as minhas pernas tontas
E a minha cabeça de vagar.
Sobre a falta de sorte,
E o caminhar sem direção,
Sobre o brincar com a felicidade.
Sobre a busca de um norte
Sobre o excesso de sonhos
Sobre o fim da solidão
Sobre o trocar de olhares
Sobre todos os sentidos e palavras
Sobre todos os...
Silêncio
S
Eu quero falar.

Sobre as minhas pernas de vagar
E a minha cabeça tonta
Sobre a falta de norte
E o caminhar sem felicidade
Sobre o brincar com a sorte
Sobre a busca de sonhos
Sobre o fim da direção
Sobre o excesso de solidão
Sobre o trocar dos sentidos e palavras
Sobre todos os olhares
Sobre todos os...
Silêncio
S
Eu quero falar.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Eu era meio que como um gato andando pela noite. Incomunicável, misteriosa... tinha uma seguraça no olhar, que não tinha sentido. Andava pelas ruas explorando o mundo. Conhecendo o escuro. Enfrentando o medo. Meu maior medo era gente. E o meu maior companheiro, o mar. Só ele quebrava o silêncio. E me acompanhava. Calma e conhecida era tua presença em meu trajeto. Era sempre meu elo com a parte do mundo que eu sabia lidar. Sei que sigo cheia de medo e de garras. Por estradas menos perigosas. Mas ainda acoada. Me pergunto, o tempo todo, onde estender o meu desconhecido guardado e onde guardar esse extenso desconhecido mundo que me fascina.