Escrever sempre foi uma fulga, nem sempre da verdade, mas da parte que eu não sei simplesmente construir na minha vida. E às vezes escrever ajuda a reinventar uma versão que eu aceite da construção que eu posso fazer.
Ultimamente, há um tempo já, tenho me sentido perdida na construção. O mundo conspira contra o que eu acredito. Não é a primeira vez que não acho espaço na sociedade. Praticamente sempre fui assim. A excessão foi me encontrar. Mas é mais difícil com a família. Não preciso só me encaixar, preciso encaixar meus filhos em uma realidade feliz no agora. Mesmo que o futuro seja duvidoso e eu sei que é. Mas eu sempre tentei construir algo pra a gente e agora não consigo pra ninguém. Eu quero construir o futuro, mas quero viver o agora e o agora está me destruindo e meus filhos não tem a infância e adolescência que eu esperava. Tudo parece tão difícil. E eu nunca acreditei que poderia ser a única responsável por isso como alguns acreditam. Acho que estou sempre no lugar errado na hora errada. Me dói o tanto que me doo e não dá em nada. Porque estou numa luta terrível contra o mundo. Hoje não tem escrita que me traga algo de bom. Só mais do mesmo. E eu não sei não acreditar numa possibilidade melhor. Eu sei que há espontaneamente gente que vive mais vida em comum, mais comunitariamente do que eu. E sei que pensar demais o que me falta está me acabando. Acho que é o mal do século 21 até agora. Espero que mude. Afinal estamos no começo do século. Podemos reaprender a entendermos a sociedade enquanto sociedade e não como indivíduos que são sempre rivais.
domingo, 20 de agosto de 2017
Deslocada
quarta-feira, 29 de agosto de 2012
Remendo
No dia em que eu me aceitar por inteiro,
ainda serei eu?
Essa luta contínua que me rasga os textos,
o pensamento e a praticidade,
essa parte de mim me trai e me distrai,
(como as namoradas do meu avô)
me cria e me recria,
as vezes me dói tão fundo
e depois se torna o ópio que cura as amarguras do mundo.
Não, eu não quero a cura.
Eu quero ser esse remédio, esse remendo eterno
entre a criatividade e a realidade,
essa tragicômica antropofagia que não sossega
e está sempre no concreto muro benéfico da dúvida
sem contentamento, sem fatalismo, sem hipocrisia.
* essa sou eu fingindo que sou capaz de me aguentar.
sexta-feira, 27 de julho de 2012
S
Sobre as minhas pernas tontas
E a minha cabeça de vagar.
Sobre a falta de sorte,
E o caminhar sem direção,
Sobre o brincar com a felicidade.
Sobre a busca de um norte
Sobre o excesso de sonhos
Sobre o fim da solidão
Sobre o trocar de olhares
Sobre todos os sentidos e palavras
Sobre todos os...
Silêncio
S
Eu quero falar.
Sobre as minhas pernas de vagar
E a minha cabeça tonta
Sobre a falta de norte
E o caminhar sem felicidade
Sobre o brincar com a sorte
Sobre a busca de sonhos
Sobre o fim da direção
Sobre o excesso de solidão
Sobre o trocar dos sentidos e palavras
Sobre todos os olhares
Sobre todos os...
Silêncio
S
Eu quero falar.
quarta-feira, 13 de junho de 2012
Eu era meio que como um gato andando pela noite. Incomunicável, misteriosa... tinha uma seguraça no olhar, que não tinha sentido. Andava pelas ruas explorando o mundo. Conhecendo o escuro. Enfrentando o medo. Meu maior medo era gente. E o meu maior companheiro, o mar. Só ele quebrava o silêncio. E me acompanhava. Calma e conhecida era tua presença em meu trajeto. Era sempre meu elo com a parte do mundo que eu sabia lidar. Sei que sigo cheia de medo e de garras. Por estradas menos perigosas. Mas ainda acoada. Me pergunto, o tempo todo, onde estender o meu desconhecido guardado e onde guardar esse extenso desconhecido mundo que me fascina.